Nossos modelos de gestão estão sendo desafiados de forma incessante desde o início do período de isolamento social, afetando nossa relação com as nossas próprias necessidades básicas, a exemplo de segurança ou estabilidade, aumentando a ansiedade e o estresse, impactando o bem-estar e os relacionamentos no ambiente corporativo, impondo a adoção de novos paradigmas de gestão de pessoas e de processos de trabalho que possam mediar as necessidades dos membros das equipes e os interesses da administração, sem contribuir para o agravamento do adoecimento emocional nas mesmas.
Diariamente, diante da impossibilidade de estarmos juntos em um mesmo espaço físico como outrora, somos tentados como gestores a comportamentos e atitudes capazes de gerar gatilhos mentais de insegurança nas nossas equipes, tais como:
- Estabelecimento de prazos irreais de acordo com a realidade de cada um
- Tratamento desconectado com as necessidades individuais, familiares e sociais
- Indisponibilidade de tempo para ouvir individualmente e coletivamente a equipe
- Ausência de reconhecimento
- Resistência às mudanças
- Sobrecarga de trabalho
- Demora na tomada de decisão
- Falta de estímulo à cooperação
O Estresse e o conflito no ambiente de trabalho têm causado consequências danosas no ambiente corporativo. Diante dessas situações, o cérebro humano aciona a resposta LUTAR OU FUGIR, interrompendo a capacidade de pensar estrategicamente, nos levando a abandonar o comportamento razoável e racional e adotar o primitivo, reativo.
Incumbe aos líderes evitar tais gatilhos para o bem das pessoas, da criatividade, da inovação e da produtividade.
A verdade é que, a forma como a Liderança lida com os desafios determina o quanto sua equipe se sente segura.
A possibilidade de trabalhar em casa não é uma novidade. Há tempos convivemos com essa realidade, ora exacerbada de forma forçada em razão das restrições da pandemia.
Assim, é preciso frear ímpetos de monitoramento incessante como requisito essencial ao bom desempenho. Tomar cuidado com excesso de reuniões sem propósitos definidos, na tentativa de impedir a procrastinação ou o desperdício de tempo dos servidores, vez que existem outros meios eficazes e menos exigentes em relação ao tempo para solucionar problemas pontuais.
Precisamos de um novo modelo de liderança. Uma nova mentalidade. É preciso repensar a gestão, os gargalos, a antifluidez, o desenho organizacional, agora mais horizontal e com foco na autogestão. O papel da liderança, agora mais do que nunca, é o de facilitadora, acessível e removedora de impedimentos. Estimuladora do trabalho em conexão e de posturas colaborativas.
Precisamos sair das posturas de comando e controle para o alinhamento e a autonomia e perceberemos que lidar com as novas modalidades de trabalho é ainda mais desafiador. Se flexibilidade é a ordem, como poderemos gerá-la, promovê-la em todas as modalidades de trabalho e inclusive na presencial?
É preciso transformar o local físico institucional em um lugar de encontro, de coworking, de compartilhamento, onde equipes multidisciplinares irão reinventar a forma de colaborar, através de uma gestão do desempenho marcada pela colaboração, pela multidisciplinaridade, pela busca de novas competências e habilidades voltadas para o autogerenciamento, ao conhecimento de tecnologia, à resolução de problemas, requalificação e lifelong learning, priorizando a saúde, o bem-estar e ambientes adequados de trabalho, substituindo-se a postura de ADAPTAÇÃO pela de TRANSFORMAÇÃO e a ESTRATÉGIA DEFENSIVA pela ESTRATÉGIA DE MOBILIZAÇÃO.
